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ANEEL aprova regulamentação da Lei 14.300 por unanimidade

Diretores da Agência aprovam texto do relator Hélvio Guerra em audiência nesta terça (07)

Autor: Redação do Canal Sola

A diretoria da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) aprovou, nesta terça-feira (07), por unanimidade, o texto do relator Hélvio Guerra que regulamenta a Lei 14.300.

O texto foi votado e aprovado pelos demais diretores da Agência durante o período da tarde, após uma série de sustentações orais realizadas por agentes do setor elétrico, entre eles os profissionais do setor de energia solar.

Entre os pontos mais sensíveis ao setor, o documento aprovado determinou a cobrança da TUSDg para sistemas de microgeração no Grupo B, conforme havia sido proposto na reunião da semana passada. Conforme a determinação, este valor será pago somente quando a demanda de injeção na rede de distribuição for superior à demanda de carga consumida da rede.

Ainda neste tema, segundo disposto nas discussões, tal cobrança somente será feita se for possível medir estas grandezas de forma direta nos medidores instalados nas unidades consumidoras com microgeração.

Outro tema que gerou muitas discussões foi a cobrança do custo de disponibilidade e o pagamento do Fio B na parcela da energia compensada, que conforme a própria diretoria e técnicos da ANEEL, o texto não expressou de forma clara o que a Agência quis determinar.

A dúvida que ficou, é se serão pagos em duplicidade o custo de disponibilidade mais parcela do Fio B (na proporção da energia compensada), ou se somente um deles (o maior entre eles).

O diretor relator Helvio Guerra solicitou que este ponto do texto seja reescrito para que a regra fique claramente definida. Tal pedido foi consensuado com os demais diretores da Agência.

Confira o que disseram cada um dos diretores da ANEEL em seus respectivos votos:

Hélvio Guerra

Guerra enfatizou que é na divergência que conseguimos construir melhor. “Claro que quando falamos isso, algumas vezes, temos o entendimento que está tudo bem, que aceitamos tudo que chega. Na verdade, sempre penso que se alguém me convence de que o que estou pensando não é o mais adequado, eu vou mudar minha posição, mas se não convencer não mudarei”.

“A minha busca foi desde o início encontrar o equilíbrio. Podem tem certeza de que foi assim, tentei reproduzir no voto essa condição. Não é simples, mas credito que conseguimos chegar a isso. Talvez a redação precise ser aprimorada, eventualmente, pois há quem entenda diferente do que está escrito, da mesma forma que na própria lei, de vez em quando, existem coisas que lemos e interpretamos diferente”, comentou.

Ricardo Tili

O diretor destacou entender que o espírito da Lei 14.300 “prevê uma diminuição progressiva de subsídios” e que “se aplicada a norma da maneira que está, quando a parcela do Fio B fosse menor do que o custo de disponibilidade, estaria aumentando o subsídio e não proporcionando uma diminuição”, afirmou.

Segundo ele, diferente do que alega o setor de energia solar, não estão sendo incididas mais de uma cobranças sobre o custo de disponibilidade. “Ou paga a parcela do fio B ou paga a disponibilidade”, comentou.

Sandoval Feitosa

Sandoval Feitosa, diretor-geral da ANEEL, comentou que, de tudo que já viveu na Agência, nunca viu uma lei tão prescritiva como essa, e que traz aspectos positivos e negativos.

“O que foi visto aqui é o aspecto negativo, no caso, foi a cobrança da demanda (de geração) para o microgerador. Isso está na lei. Está aí a dificuldade que nós temos de desconsiderar o que está escrito na lei, aprovado no Congresso Nacional em duas casas, assinado e sancionado pelo presidente da República”, disse.

“Se nós estivéssemos no polo oposto, estivéssemos discutindo, eventualmente, de colocar na resolução algo que não está na lei e prejudicaria o segmento, não tenho dúvida que nós seríamos fortemente atacados. Acho que temos que ter maturidade de dizer: precisamos trabalhar para mudar a lei neste aspecto em específico. Não está facultado a nós fazermos o que queremos. Temos que fazer aquilo que está na lei”, apontou Feitosa.

“É claro que o poder regulamentador, que é conferido ao poder executivo, tem que ser exercido no setor de energia pela ANEEL. A Lei 14.300 fez um recorte em alguns aspectos que seriam reguláveis pela Agência, todos os outros permanecem. A regulação pátria da Agência de fazer a regulação do setor de energia permanece, não foi alterada. Então, aquilo que não está circunscrito na lei, a Aneel pode e deve fazer”, concluiu.

Agnes da Costa

A diretoria afirmou que para ela é muito evidente que a GD crescer além do planejado não é o problema em si. Conduto, pontuou que o problema é “quando a gente tem quem se beneficia pela GD, deixar de pagar por custos que já era pra outros agentes pagarem”, afirmou.

Segundo ela, desde 2015 o debate do setor elétrico tem girado em torno da melhor forma de alocação dos custos da GD. “Acho legítima a preocupação do quanto temos que proteger os pequenos (consumidores) e de como eles estão atuando junto com os grandes grupos econômicos”, frisou ela.

Contudo, além de concordar com o texto do relator Helvio Guerra, a diretora também sugeriu uma determinação para que a SRD avalie a “necessidade de eventuais comandos regulatórios específicos para promover a aplicação do disposto no artigo 28 da Lei 14.300/22”.

Redação do Canal Solar

Texto produzido pelos jornalistas do Canal Solar.

9 comentários

  • Antonio José Custódio Neto disse:8 de fevereiro de 2023 às 10:31É lamentável que, apesar do esforço das empresas integradoras, se esforçarem para evitar o pior, mesmo assim chegou ao que chegou. Temos mais de 500.000 pessoas envolvidas diretamente nesse mercado. Pena que nossos “agentes” só olharam para as distribuidoras. Tudo que ouvi do relator dessa matéria só tinha penalização para quem instalou o sistema fotovoltaico. Haverá muita judicialização e muitos colegas sem emprego.
    Esse é o Brasil que querem fazer. Lamentável.Responder
  • JOSE MARCOS DOS SANTOS disse:8 de fevereiro de 2023 às 09:55Resumindo querem cobrar o custo de disponibilidade junto com a taxa do fio B , ou seja se o valor for menor que o custo de disponibilidade teria que compensar esta diferença. É impressionante o Governo , deixam sempre margem de interpretação para criar mecanismo de tarifar o contribuinte . Quando se pensa em desafogar todo a Matriz energética que não aguentam a demanda e cobram bandeiras maiores dos contribuintes , vem o governo com leis que não são claras , onde os Orgãos reguladores ,através de seus diretores não são unânimes e como diz um outro comentário a ANEEL não é orgão para favorecer contribuinte e sim orgão fiscalizador , que visa criar mecanismo de receitas ao Executivo deste País .
    Represas cheias , Energia Fotovoltaica e Aeolica crescendo e o consumidor não tem paz .Responder
  • Moises da silva beserra disse:8 de fevereiro de 2023 às 09:49isso é uma vergonha e nois que queremos crescer no setor somos aniquilados vergonha…….Responder
  • Marcelo DÂngelo disse:8 de fevereiro de 2023 às 09:16Concordo com o Marcos Alberto.
    as GDs ( consumidores) irão absorver custos que não beneficiam suas instalações em nada. Ou seja, ajudam a desonerar obrigações dos governos, distribuidoras e geradoras, mas não recebem nenhum benefício em troca das suas taxas e impostos.Responder
  • João Alves disse:8 de fevereiro de 2023 às 08:52Para uma melhor interpretação do que se trata o assunto, podeira ser publicado um exemplo de como ficará uma fatura antes da vigência da 14300 e após a sua vigência.Responder
  • Thiago Silva disse:8 de fevereiro de 2023 às 08:31eu investi na minha residência, pagarei anos, mas ja estou vendo com preocupação esse posicionamento da ANEEL, totalmente tendencioso, trás um aspecto mais comercial político do que de eficiência, equilíbrio e sustentabilidade como deveria ser!Responder
  • Euler Mário Dias disse:8 de fevereiro de 2023 às 08:29Desculpe que digitei no web. Mas resumi que não me inteirei da Lei cobrança a partir 06/01/23 e dentre várias discussões, o que os consumidores precisam é menos encargos e mais eficiência no caso de consumo de energia. Vejo fios soltos, embaralhados e os governadores, maioria preocupados com icms sendo que maioria tb não pedem revogação da Lei Kandir que os isenta exportação de minerais e comodities. Então há que se rever.Responder
  • Jonatan José de Souza disse:8 de fevereiro de 2023 às 07:08Infelizmente no Brasil as leis só ajuda aos grandes nunca a população!Responder
  • Marcos Alberto disse:7 de fevereiro de 2023 às 20:44A impressão que fica em nós que trabalhamos com o setor solar, é que a ANEEL em nenhum momento pensou nos consumidores , sempre tiveram uma visão tendenciosa da situação prendendo sempre para o lado da distribuidoras. Pra mim isso ficou bem claro, até um pouco suspeito o resultado final de toda essa discussão, alguns pontos não ficaram claro, por exemplo: qtos as concessionárias estão economizando em seu custo operacional graças a adesão dos consumidores a energia solar? Os lucros das concessionárias com certeza vão aumentar e o consumidor é nesse caso é o único que não leva vantagem em nada. Lamentável para um país que deveria priorizar o setor para que possamos cada vez mais mudar nossa matriz energética, estamos na contramão do que entendo ser o caminho correto.

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