Com apoio milionário do BNDES, o Brasil se prepara para inaugurar o maior complexo de energia solar da América Latina, capaz de gerar energia suficiente para abastecer 1,9 milhão de residências.
A energia solar é uma das grandes apostas do Brasil para garantir um futuro mais sustentável e limpo. Com o apoio massivo do BNDES, o Brasil está prestes a inaugurar mais um grande projeto de energia renovável que promete ser um divisor de águas: o Complexo Solar Irapuru. Esse projeto, que será o maior complexo de energia solar da América Latina, já está com 70% das obras concluídas e vai mudar completamente a forma como enxergamos a geração de energia no país.
O que é o Complexo Solar Irapuru?
Localizado em Janaúba, Minas Gerais, o Complexo Solar Irapuru é um projeto gigantesco que vai se unir ao já existente Complexo Solar Janaúba. Juntos, esses dois complexos terão uma capacidade instalada de 1,6 GWp, energia suficiente para abastecer cerca de 1,9 milhão de residências. O novo complexo contará com sete parques solares, espalhados por uma área de 800 hectares, e terá 750 mil módulos solares bifaciais, que garantem uma eficiência ainda maior na geração de energia.
Para tirar esse projeto do papel, o BNDES aprovou um financiamento de R$ 600 milhões, o que corresponde a cerca de 50% do investimento total. Esse apoio é fundamental para que o Brasil continue avançando na transição energética e reduzindo a emissão de CO2, algo que é prioridade para o governo.
BNDES: O motor da energia renovável no Brasil
Não é de hoje que o BNDES tem se destacado como o principal financiador de energia renovável no Brasil. O banco, que também apoiou a construção do Complexo Solar Janaúba, já investiu cerca de R$ 1,5 bilhão em energia solar no país, reafirmando seu compromisso com a sustentabilidade e o futuro verde do Brasil.
Através de programas como o Fundo Clima e o FINEM, o BNDES tem garantido que grandes projetos, como o Complexo Solar Irapuru, se tornem realidade. Com esses incentivos, o banco não apenas ajuda a impulsionar a geração de energia solar, mas também contribui para a criação de empregos e o desenvolvimento econômico das regiões onde esses complexos são instalados.
Como o Complexo Solar Irapuru vai impactar o Brasil?
Além de ser uma grande vitória para o meio ambiente, o Complexo Solar Irapuru também vai gerar impactos sociais e econômicos importantes para o Brasil. Com a previsão de gerar 1.000 empregos diretos e 4.000 indiretos durante sua construção, o projeto vai beneficiar diretamente a população da região de Janaúba, elevando a renda local e criando novas oportunidades de trabalho.
O projeto também terá um papel crucial na redução das emissões de carbono. Estima-se que, ao entrar em operação, o maior complexo de energia solar da América Latina evitará a emissão de 38.391 toneladas de CO2 por ano, contribuindo de forma significativa para os esforços do Brasil na luta contra as mudanças climáticas.
Além disso, a energia solar tem um impacto positivo no bolso do consumidor. Com o aumento da capacidade de geração de energia solar no Brasil, os custos de produção tendem a diminuir, o que pode resultar em contas de luz mais baratas no futuro.
O papel do Brasil na transição energética global
O Brasil tem um potencial gigantesco quando o assunto é energia renovável, e a energia solar é um dos pilares dessa revolução. Segundo a consultoria McKinsey, o país tem tudo para se tornar um dos líderes globais na transição energética, não só descarbonizando a própria matriz energética, mas também ajudando o mundo a adotar fontes de energia mais limpas.
Atualmente, cerca de 20% da matriz elétrica brasileira já é composta por energia solar, e esse número só tende a crescer nos próximos anos. Com o apoio de instituições como o BNDES, o Brasil está se posicionando como uma das potências globais em energia renovável, não apenas no setor solar, mas também em fontes como a energia eólica, hídrica e biomassa.
Tecnologia de ponta para um futuro sustentável
O Complexo Solar Irapuru não se destaca apenas pelo seu tamanho, mas também pela tecnologia de ponta utilizada em sua construção. Com a instalação de módulos solares bifaciais, o complexo será capaz de gerar mais energia do que os modelos tradicionais, aproveitando tanto a luz solar direta quanto a luz refletida pela superfície terrestre.
Além disso, o projeto também contempla a construção de um transformador que será integrado ao sistema de transmissão de uso restrito e compartilhado do Complexo Solar Janaúba, garantindo que a energia gerada seja transmitida de forma eficiente para os centros de consumo.
Essa tecnologia avançada coloca o Brasil em uma posição de destaque no cenário global de energia renovável, mostrando que o país está preparado para enfrentar os desafios da transição energética e continuar crescendo de forma sustentável.
O futuro da geração elétrica no Brasil
A energia solar já é uma realidade no Brasil, e projetos como o do maior complexo de energia solar da América Latina mostram que essa fonte de energia vai desempenhar um papel cada vez mais importante no futuro do país. A redução constante dos custos dos painéis solares, somada ao grande potencial de irradiação solar do Brasil, faz com que a energia solar seja uma das opções mais viáveis para garantir o abastecimento elétrico do país de forma limpa e renovável.
Além de ser uma solução sustentável, a energia solar também representa uma grande oportunidade de desenvolvimento econômico. Com a criação de empregos diretos e indiretos, e o aumento da renda nas regiões onde os complexos solares são instalados, a energia solar tem o potencial de transformar não apenas o setor elétrico, mas também a vida das pessoas.
Comentário do Engenheiro e CEO da ENERCONS Ivo Pugnaloni
Para o CEO da ENERCONS, engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni, a carga no sistema elétrico que essa nova unidade industrial vai acrescentar não poderá ser sustentada por geração solar, altamente influenciada por dias nublados, chuvosos e pelo inexorável horário depois das 16 horas, quando o sol vai se pondo. “Só fontes hidrelétricas ou termelétricas podem suprir cargas como essa, pois são permanentes. Resta saber se o Ministério de Minas e Energia vai preferir gerar energia elétrica com água nacional, ou com derivados de petróleo importados, caríssimos e poluentes” comentou.
Pugnaloni lamentou estar ainda paralisada nas assessorias do MME , há três anos, a precificação das externalidades ( benefícios e prejuízos adicionais ao meio ambiente) de cada fonte. “Talvez seja a ação dos poderosos “lobbies” aos quais se referiu o próprio ministro Silveira na sua excelente entrevista à CNN, semana passada”, disse o executivo que foi diretor de planejamento da COPEL , concessionária do Paraná.
“Não há como negar que as assessorias do MME estarão fazendo o governo incorrer em grave risco de judicialização caso o Leilão de Reserva de Capacidade não venha a atender ao artigo 26, parágrafo 1-G que determina que todos os benefícios ambientais e de garantia de fornecimento sejam considerados, nos certames como esse, que envolvem centenas de bilhões de reais em energia elétrica, disse ele.
Vejam leitores o que diz a Lei 9784/99 Art. 26 § 1º-G. “O Poder Executivo federal definirá diretrizes para a implementação, no setor elétrico, de mecanismos para a consideração dos benefícios ambientais, em consonância com mecanismos para a garantia da segurança do suprimento e da competitividade, no prazo de 12 (doze) meses, contado a partir da data de publicação deste parágrafo. Se isso não aconteceu, o MME corre o risco de um mandado de segurança interromper todo esse processo de compra enorme, pois a data de publicação deste parágrafo foi 01.03.21. E quem aviusa, geralmente, amigo é”, adendou.
“O atual governo brasileiro precisa entender, de uma vez por todas, que não basta geração solar e eólica para fazer a transição energética, pois elas são fontes intermitentes. Param de uma hora para a outra de produzir. Essas duas fontes são muito boas, mas tem esse grave defeito. Sem novas hidrelétricas para completar a geração faltante da solar e eólica a cada momento, a nossa matriz vai ter que usar cada vez mais termelétricas que já são, graças às manobras desses lobbies, mais de 37% da capacidade instalada do Brasil”, concluiu preocupado Ivo Pugnaloni.