É o fim do ESG no mercado financeiro? Movimento pode mostrar que sim, mas não no Brasil

O CFA Institute, responsável pelo Certificado em Investimentos ESG, certificação internacional, deixará de utilizar a sigla e substituirá por ‘Certificado de Investimento Sustentável’. Segundo a entidade, o termo ESG está em desuso nos mercados e é ‘politicamente carregado’.

O mercado financeiro deu o primeiro sinal concreto de que, junto com Trump, vai retroceder em grandes avanços que teve em quesitos ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) nos últimos anos. O CFA Institute, responsável pelo Certificado em Investimentos ESG, certificação internacional, divulgou que deixará de utilizar a sigla e substituirá por “Certificado de Investimento Sustentável” a partir de 8 de abril. No entanto, enquanto as instituições americanas sentem a pressão velada, por aqui, o cenário é completamente diferente, segundo especialistas ouvidos pelo Valor Investe.

Os investimentos ESG no Brasil devem continuar ganhando fôlego porque, além de um contexto político diverso, há o sentimento mais concreto do impacto das mudanças climáticas, com fatos importantes, como as enchentes do Rio Grande do Sul no ano passado, segundo os especialistas.

Neste cenário, Fabio Alperowitch, gestor da FAMA re.capital, especializada em ESG, ressalta que o Brasil está em um momento mais propício para o aumento de investimentos climáticos, e, no contexto global, quando o Trump vai “excessivamente contra o tema, aqueles que se importam, reagem”. Isso faz com que a temática entre em evidência e tenha um crescimento.

Até janeiro deste anoos Fundos IS (Investimento Sustentável) – que tem objetivo de investimento sustentável como mandato, com carteira alinhada ao propósito e nenhum investimento pode comprometê-lo – reuniram 80.467 mil cotistas (que não representam CPFs únicos), com patrimônio líquido superior aos R$ 24,6 bilhões em 158 fundos, ante R$ 8,4 bilhões no mesmo período de 2024, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Já os Fundos que integram critérios ESG (ambientais, sociais e de governança no processo de gestão), mas não têm como objetivo principal o investimento sustentável, são 83.324 contas, em 76 fundos e R$ 10,3 bilhões em patrimônio, ante R$ 4,3 bilhões em janeiro do ano passado.

No entanto, em relação à captação dos fundos, segundo dados obtidos pelo Valor Investe, os Fundos IS fecharam o primeiro mês do ano com captação líquida (aportes menos resgates) de R$ 1,5 bilhão, contra R$ 261 milhões apurados no mesmo período de 2024. Já os Fundos ESG tiveram queda na captação, saindo de R$ 78 milhões no início do ano passado para apenas R$ 1 milhão em janeiro deste ano.

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