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 Entrevista Ênio Verri, diretor geral de Itaipu

O esperado ano de 2023 chegou para a maior usina em operação no país, a UHE Itaipu (Brasil/Paraguai, 14.000 MW). Com esse marco que representa o vencimento do Anexo C e as bases comerciais podendo ser renegociadas ambos os lados apresentaram alterações significativas em sua composição, por aqui o terceiro mandato do presidente Lula e do lado de lá uma corrida eleitoral com dois candidatos com perfil liberal, cujo eleito será conhecido em cerca de 15 dias e que assume em agosto, justamente no mês em que o destino da energia excedente da hidrelétrica poderá tomar outros caminhos que não o Brasil.

Por essa razão, as negociações no que se refere à tarifa e a revisão do Anexo C ganham não apenas contornos econômico-financeiros, mas políticos também. Assim definiu o diretor geral brasileiro da Itaipu Binacional, Ênio Verri, em entrevista exclusiva ao CanalEnergia. Nessa oportunidade o executivo detalhou como deverá ser sua gestão pela frente brasileira.

Entre os diversos pontos, ele destacou que a busca pela retomada do papel que a usina apresentava durante os 14 anos que o PT esteve no Executivo.

“A produção de energia e a competitividade continuam como nosso foco. Mas há mudança de roteiro com a retomada da política social, a chamada dívida social de Itaipu. Estamos retomando ações do passado com preocupações com a agricultura familiar, municípios lindeiros e outras ações retomando as políticas do governo federal com o papel social da usina”, afirmou ele. “Bolsonaro tinha um política social muito ausente em termos sociais e agora foi retomado o trabalho feito, voltar ao compromisso social do passado”, reforçou.

Ênio Verri: geradora retomará projetos e políticas sociais ao invés de investir em infraestrutura como no governo anterior. Foto: Rafa Kondlatsch | Itaipu Binacional

Apesar da crítica ao governo passado, Verri destacou o processo de transição formado com o ex-diretor geral de Itiapu, almirante Risden Júnior, que ocorreu de forma exemplar. Mesmo assim, os convênios fechados depois de 30 de outubro estão suspensos mais no sentido de serem revisados os valores e a capacidade de pagamento, uma vez que a usina está com valores empenhados bem elevados e sobra pouco para investimentos até 2025.

Inclusive, outra mudança de rota de Itaipu é a questão das obras de infraestrutura que foram feitas ao longo do governo anterior. Esse item está em último nas prioridades da geradora que agora se volta para um papel mais social do que de grandes obras, classificadas como caras pelo novo executivo.

Até porque a usina, quando da entrevista ainda não tinha ideia de qual seria a disponibilidade financeira para os aportes a serem feitos nessa nova gestão. Isso se deve à indefinição sobre a tarifa da geradora. Os sócios estão nesse momento negociando o valor para o ano de 2023. Atualmente está em US$ 20 por kW/mês. Para este ano, apesar do valor aprovado pela Aneel que está em US$ 16,19 os cálculos da parte brasileira de Itaipu Binacional indicam para algo na faixa de US$ 12 por conta do final da dívida. Contudo, o Paraguai quer mais, pelo menos a manutenção dos US$ 20 do ano passado, quando ainda havia financiamento a amortizar.

O diretor geral Ênio Verri é nosso entrevistado e a íntegra da conversa está em nosso canal do You Tube, TV CanalEnergia onde ele explica com mais detalhes sobre a retomada do PTI, o avanço rumo à transição energética – uma pauta do governo federal –  e ainda sobre a modernização da UHE que é a maior intervenção já feita na geradora desde o início de sua operação, em 1982.

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