O governo está trabalhando para realizar no mínimo um leilão de geração de energia ainda neste ano, disse ontem o ministro Fernando Coelho Filho, do Ministério de Minas e Energia (MME), depois de participar do Fórum Brasil de Investimentos 2017.
“A expansão da matriz se dará baseada nas renováveis e acontecerá ainda neste ano”, disse o ministro, indicando a possibilidade de realização de um leilão de energia de reserva (LER) para contratar projetos das fontes eólica e solar. O último leilão do tipo aconteceu em 2015, e contratou menos do que o esperado pela indústria local.
Segundo o ministro, o governo segue preocupado com o custo da energia contratada no país, “mas também com a indústria de equipamentos que o Brasil construiu”, disse, se referindo à cadeia de produção de fontes renováveis.
Ele disse que havia um consenso entre todos de que o ambiente no setor elétrico estava “bastante tumultuado e conflituoso”. Por isso, o governo entendeu que era melhor fazer uma série de medidas para poder, dentro do “timing correto”, fazer a contratação. “A gente está querendo lançar essas bases de forma bastante transparente, independentemente do governo, para que a gente tenha algo mais economicamente racional”.
É o caso, por exemplo, do leilão de descontratação de reserva, que vai ser realizado em agosto deste ano. Além dessa medida, o governo também está conseguindo reduzir a sobrecontratação das distribuidoras de energia por meio de renegociações bilaterais e por meio de rodadas do Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits (MCSD) de Energia Nova, que cancelou mais de 1.300 megawatts (MW) médios em contratos de forma permanente na última semana.
Também contribuem para uma expectativa de demanda por parte das distribuidoras a redução da garantia física das hidrelétricas, que tirou mais 1.300 MW médios dos sistema.
Isso abriria espaço para a realização de um leilão do tipo A-5, que contrata projetos novo de geração com entrega para cinco anos. Segundo Coelho Filho, há espaço para ser feito um do tipo ainda neste ano.
“Estamos muito animados com esses primeiros movimentos, com descontratação, com revisão, vai ter o próprio leilão entre fim de julho e começo de agosto. Tudo isso vai criar o ambiente para que a gente tenha o tamanho possível de contratação no fim do ano. Acho que vai ter espaço”.
O ministro, porém, destacou que não pode realizar um leilão de distribuidoras sem que tenha a declaração de demanda por parte delas. “Vamos fazer o chamamento logo mais, vamos ver qual vai ser a resposta.”
Questionado se houve mudança de prioridade no setor dada a crise política que se abateu sobre o governo de Michel Temer, o ministro disse que não. Destacou que já foram feitas mudanças necessários desde 2016 para se ter o melhor resultado possível. “Vamos manter esse cronograma, evidentemente que qualquer turbulência política gera muito mais do ponto de vista dos investidores um certo receio, que estamos mitigando. O planejamento está de pé. Vamos manter o que foi comunicado.”
O ministro, que vem sendo muito elogiado no setor elétrico, declarou na semana passada que vai permanecer no governo, apesar do seu partido, o PSB, ter rompido com o governo e solicitado que ele entregasse o cargo.
Fonte: Valor Econômico