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Hidrelétricas reforçam atuação para recuperar espaço perdido no setor

Ex-secretaria-executiva do ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira chega à Abrage para dar força política aos pleitos das usinas.

O segmento de geração hídrica foi buscar um nome com experiência dentro e fora do setor elétrico para tentar ter mais participação nos debates setoriais. A ex-secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, assume a presidência da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage) com esse objetivo.

Com 18 anos de experiência no ministério e papel fundamental na privatização da Eletrobras, onde ocupa cadeira de conselheira, Pereira encontra um setor preocupado com questões como o desperdício de água nas usinas hidrelétricas, a sobreoferta de energia causada pela entrada de usinas eólicas e solares, o excesso de subsídios, a falta de reservatórios para armazenamento,
restrição para exportação de energia excedente a países vizinhos e leilões de reserva de capacidade.

No passado, a entidade era composta por empresas estatais; hoje, quase todas as associadas são empresas privadas com interesses distintos do que ocorria anteriormente. Ao Valor, Pereira diz que a reestruturação da entidade ocorre em momento em que se rediscute o papel das hidrelétricas no setor, a segurança do abastecimento e a transição energética.

“O modelo regulatório brasileiro foi estruturado com a predominância das hidrelétricas. Essas usinas representam cerca de 50% da capacidade instalada e com a expansão muito acentuada das eólicas e solares – as hidrelétricas garantiram a confiabilidade do sistema”, diz a executiva ao se referir à flexibilidade e serviços que usinas de energia prestam para garantir a
estabilidade do sistema elétrico (serviços ancilares).

O pleito da entidade é que as usinas sejam remuneradas por estes serviços prestados ao setor. O Projeto de Lei 414 tratava da modernização do setor elétrico discutia o atributo das fontes. Entretanto, o MME abandonou o projeto, fato que causou decepção no setor. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, prometeu apresentar ao Congresso nova proposta de reforma do setor,
mas isso ainda não aconteceu.

Silveira também abriu confronto com as geradoras hidrelétricas ao proibir que o Brasil mantivesse a exportação para Argentina e Uruguai. O envio do excedente gerado pela hidrelétricas para os países vizinhos foi a medida encontrada para diminuir o desperdício de energia das usinas no Brasil. Empresas como Eletrobras, Copel, Cemig, Engie, AES Brasil, Itaipu, entre outras, se posicionaram a favor. O ministro rebateu dizendo que seria “irresponsável” colocar em risco a segurança energética do Brasil em favor de outros países.

“Abrir novamente essas discussões com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e com o ministério é importante e vai sempre existir”, diz.

A executiva também se posiciona contra subsídios. Hoje, as fontes renováveis intermitentes, como eólica e solar, têm prioridade no despacho, uma vez que não podem ser armazenadas. Isso faz com que a geração das hidrelétricas esteja abaixo do ideal não por problemas de hidrologia, mas pela preferência das fontes não convencionais e a geração distribuída.

Caso o Congresso decida manter essas benesses dadas a alguns segmentos, Pereira defende que todos os consumidores paguem, ou seja, clientes do mercado livre e do mercado regulado.

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