A Itaipu Binacional passou a contar com um dos equipamentos mais modernos do mundo para o monitoramento de ambientes subaquáticos. Produzida nos Estados Unidos, a sonda acústica Aris 3000 é capaz de produzir imagens de alta resolução mesmo em locais pouco acessíveis, profundos e com baixa visibilidade.
O equipamento foi recebido em dezembro de 2022 e poderá ser utilizado em diferentes funções, como o monitoramento ambiental do reservatório e do Canal da Piracema, a manutenção da segurança da barragem e em resgates aquaviários. Ele conta com um rotacionador robótico, para controle a distância, que pode ser conectado a um cabo de cem metros de extensão.
Na semana passada, de segunda (3) a quarta-feira (5), um grupo de 21 empregados de Itaipu e convidados passou por um treinamento teórico-prático fornecido pela empresa Acquest Geotecnologia, representante no Brasil da fabricante da sonda aquática. O objetivo foi capacitar técnicos da empresa para a operação segura do equipamento.
Participaram do treinamento profissionais da Divisão de Reservatório, Segurança Empresarial e Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura e colaboradores do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), Marinha e Corpo de Bombeiros. Os testes práticos aconteceram no Canal da Piracema, na quarta-feira, e no laboratório do Portinho, na quinta.
O consultor da Acquest, Luís Conti, que também é pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), na área de geofísica marinha, explicou que o Aris funciona com feixes acústicos e produz imagens com resolução de até 4 milímetros, a maior do mercado na atualidade.
“É o mesmo princípio de um ultrassom médico. O equipamento consegue dimensionar objetos estáticos ou em movimento, como peixes, e transmite as imagens em tempo real para o computador”, mencionou.
Segundo ele, o modelo está no mercado há cerca de dez anos. Originalmente, foi concebido para fins militares, para localização de minas não detonadas. Depois suas aplicações foram ampliadas. Hoje, a maior parte dos clientes é formada por hidrelétricas.
A bióloga Caroline Henn, da Divisão de Reservatório, comentou que em ambientes profundos, como em algumas partes do reservatório de Itaipu, a água é turva e não há penetração de luz – o que dificulta a obtenção de imagens por outros tipos de equipamentos. O Aris 3000 preenche essa lacuna.
“É possível localizar objetos submersos, inspecionar estruturas construídas e realizar estudos ambientais, voltados para plantas submersas e peixes. E os softwares da sonda permitem vários tipos de análise das imagens, inclusive realizar a contagem de peixes em cardumes, identificar espécies e estimar a biomassa (quilos) que passa pelo Canal [da Piracema] em determinado período”, exemplificou.
Ainda segundo ela, tanto o manuseio e operação da sonda quanto a análise das imagens e dos dados obtidos requerem treinamento específico, e foi esse o objetivo da atividade. A partir de agora, o equipamento está liberado para ser usado na empresa.
Lucas Dalsotto, da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos, participou da capacitação. Ele avalia que a sonda aquática poderá ser muito útil para a Diretoria Técnica, especialmente na inspeção da barragem e de estruturas hidromecânicas. “Por exemplo, para detecção de rompimento ou deterioração da grade da tomada de água”, apontou.
A sonda também tem potencial de substituir, com maior eficiência e segurança, trabalhos hoje feito por mergulhadores. “A partir de dois ou três metros de profundidade, você não tem mais visibilidade. Esse equipamento pode fazer uma varredura proporcionando maior amplitude e um maior detalhamento dessas estruturas”, concluiu.