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ONS eleva previsão de carga de energia no mês e vê redução maior dos reservatórios

Lagos das hidrelétricas são um ponto de preocupação para os próximos meses, pela condição de seca neste ano

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou novamente sua projeção para o crescimento da carga de energia no Brasil em setembro, ao mesmo tempo em que projetou um nível menor para os principais reservatórios de hidrelétricas ao final do mês.

Segundo boletim publicado nesta sexta-feira, a carga de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) deve crescer 3,9% ante setembro de 2023, para 80.215 megawatts médios, ante 3,2% previstos pelo ONS na semana anterior.

á para os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, principal subsistema para armazenamento, a projeção é de uma capacidade de 46,6% ao final deste mês, um pouco abaixo dos 46,9% estimados há uma semana.

Embora ainda estejam em níveis acima dos registrados na última crise hídrica em 2021 (16%), os lagos das hidrelétricas são um ponto de preocupação para os próximos meses, pela condição de seca neste ano.

Para setembro, a perspectiva de afluências ainda é de que permaneçam muito abaixo da média histórica em todas as regiões do país.

As chuvas que deverão chegar às hidrelétricas neste mês deverão alcançar 47% da média no Sudeste/Centro-Oeste (ante 48% estimados na semana anterior), 62% no Sul (ante 53%), 40% no Nordeste (ante 42%) e 50% no Norte (ante 49%), projetou o ONS nesta sexta-feira.

O Brasil vem enfrentando uma seca severa que afetou o potencial de geração hidrelétrica, acarretando custos mais altos para os consumidores, e que fez com o governo avaliasse a retomada do horário de verão, como forma de reduzir o “estresse” da operação do sistema elétrico entre o final da tarde e começo da noite.

A volta do horário de verão ainda requer mais análises, mas pode entrar em vigor ainda em 2024, a depender de uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na véspera.

A chegada da primavera no fim deste mês desenha um cenário hidrológico mais favorável, com as chuvas começando a aparecer na primeira quinzena de outubro e se intensificando durante a última metade do mês, segundo análise da Nottus Metereologia.

A expectativa é de que a estação que se aproxima seja menos quente e mais chuvosa do que a primavera de 2023, que foi seguida por um verão de chuvas frustrantes.

Devido ao cenário ruim nos últimos 12 meses, o retorno das chuvas deve demorar mais para beneficiar o setor elétrico.

A umidade do solo das principais bacias hidrográficas para geração de energia elétrica no Brasil alcançou o nível mais seco em quase 20 anos, de forma que as chuvas servirão primeiro para repor essa umidade, antes de a água fluir para os reservatórios e se converter em energia natural afluente (ENA), métrica que indica o quanto do volume pode ser transformado em energia.

Já para outras fontes de geração, a Nottus apontou que as condições meteorológicas continuarão favoráveis tanto para os ventos nas regiões de parques eólicos quanto para a incidência solar entre o final de setembro e a primeira quinzena de outubro.

À medida que a chuva avança pelo país e se consolida ao longo de outubro e novembro, a geração solar e eólica tende naturalmente a diminuir pelas condições climáticas associadas às precipitações, acrescentou.

Comentário do Engenheiro e CEO da ENERCONS Ivo Pugnaloni

Para o CEO da ENERCONS, engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni, a carga no sistema elétrico que essa nova unidade industrial vai acrescentar não poderá ser sustentada por geração solar, altamente influenciada por dias nublados, chuvosos e pelo inexorável horário depois das 16 horas, quando o sol vai se pondo. “Só fontes hidrelétricas ou termelétricas podem suprir cargas como essa, pois são permanentes. Resta saber se o Ministério de Minas e Energia vai preferir gerar energia elétrica com água nacional, ou com derivados de petróleo importados, caríssimos e poluentes” comentou.

Pugnaloni lamentou estar ainda paralisada nas assessorias do MME , há três anos, a precificação das externalidades ( benefícios e prejuízos adicionais ao meio ambiente) de cada fonte. “Talvez seja a ação dos poderosos “lobbies” aos quais se referiu o próprio ministro Silveira na sua excelente entrevista à CNN, semana passada”, disse o executivo que foi diretor de planejamento da COPEL , concessionária do Paraná.

“Não há como negar que as assessorias do MME estarão fazendo o governo incorrer em grave risco de judicialização caso o Leilão de Reserva de Capacidade não venha a atender ao artigo 26, parágrafo 1-G que determina que todos os benefícios ambientais e de garantia de fornecimento sejam considerados, nos certames como esse, que envolvem centenas de bilhões de reais em energia elétrica, disse ele.

“Vejam leitores o que diz a Lei 9784/99 Art. 26 § 1º-G. “O Poder Executivo federal definirá diretrizes para a implementação, no setor elétrico, de mecanismos para a consideração dos benefícios ambientais, em consonância com mecanismos para a garantia da segurança do suprimento e da competitividade, no prazo de 12 (doze) meses, contado a partir da data de publicação deste parágrafo. Se isso não aconteceu, o MME corre o risco de um mandado de segurança interromper todo esse processo de compra enorme, pois a data de publicação deste parágrafo foi 01.03.21. E quem aviusa, geralmente, amigo é”, adendou.

“O atual governo brasileiro precisa entender, de uma vez por todas, que não basta geração solar e eólica para fazer a transição energética, pois elas são fontes intermitentes. Param de uma hora para a outra de produzir. Essas duas fontes são muito boas, mas tem esse grave defeito. Sem novas hidrelétricas para completar a geração faltante da solar e eólica a cada momento, a nossa matriz vai ter que usar cada vez mais termelétricas que já são, graças às manobras desses lobbies, mais de 37% da capacidade instalada do Brasil”, concluiu preocupado Ivo Pugnaloni.

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