O custo da energia elétrica devido à não construção de novas hidrelétricas subiu 174% acima da inflação entre 1995 e 2021. O combate das ONGs estrangeiras sediadas em países que já usaram quase todo seu potencial hidrelétrico tem tido sucesso. Elas tem conseguido iludir os incautos dentro e fora dos governos. O objetivo é destruir a competitividade da indústria nacional e ao mesmo tempo, vender mais derivados de petróleo para novas termelétricas brasileiras. Por Ivo Pugnaloni O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, Sandoval Feitosa, afirmou há duas semanas que o aumento das tarifas de energia é um dos principais motivos de desindustrialização do Brasil nos últimos anos, já que o custo da energia elétrica é um dos fatores maior influência no custo no Brasil. O diretor se referia à violenta explosão das tarifas de energia que em nosso país subiram 174% acima da inflação medida pelo IPCA entre 1995 e 2021. Um triste cenário para nossa indústria que emprega 9,7 milhões de trabalhadores que garantem o sustento de suas famílias, o equivalente a 20,4% dos empregos formais do país. Destes, 6,8 milhões estão alocados apenas na indústria de transformação. Recentemente o governo federal lançou o programa NOVA INDÚSTRIA BRASIL com melhores condições de financiamento para inovação, modernização e aquisição de novas máquinas pela indústria, com 300 bilhões de reais em recursos com juros de TLP mais 2%. Como disse Feitosa, existem questões tecnológicas e macroeconômicas, mas o custo da energia pode incentivar e desincentivar nossa indústria e definir se ela voltará a ser o que já foi. Além disso a indústria brasileira conta com uma capacidade instalada que está hoje subutilizada, mas que poderá precisar ser religada em breve. Além dos custos da energia, o diretor-geral da Aneel ressaltou que a entrada de cerca de 165 GW de projetos eólicos e solares até 2028 demandará aprimoramentos tecnológicos, que podem ser implementados por meio de sistemas de armazenamento. E afirmou que a próxima fronteira tecnológica será dada pela produção de energia elétrica por meio de novas fontes e pelo armazenamento de energia. O Brasil é um dos países que tem um estoque de minerais e poderia ser um líder na produção de baterias”. Ao deixar de construir hidrelétricas por pressões que não tem conhecimento de onde vem, o Brasil tem que construir termelétricas que produzem energia 10 vezes mais cara, já que a partir das 18:00 horas as usinas solares não funcionam até às 6:00 do dia seguinte. Esse combate já causou prejuízos ainda não calculados ao Brasil, em termos de perdas de competitividade da indústria e de empregos, mas só em tarifas é possível estimar ter sido alta, pois a capacidade instalada das termelétricas aumentou em 664% entre 1995 e 2023. Com a desorganização na indústria, não é possível ter uma fonte de energia elétrica mais barata, que com ela, seria bem remunerada e mais valorizada a qualidade de sua formação, com menor a rotatividade e menor o desemprego. Segundo a FIRJAN, em 2019 o Brasil já cobrava uma das mais caras tarifas de energia elétrica para a indústria, superando o custo de países como a França, Canadá, Turquia, México e Estados Unidos Comparação das Tarifas Industriais do Brasil com países do mundo em US$/MWh |
Examinando o caso da competição comercial entre a indústria norte-americana e a brasileira, a relação é de US$ 69/MWh para US$ 113/MWh. Ou seja, nossos industriais pagam 63,7% a mais do que seus colegas e concorrentes dos EUA.E hoje, o Brasil apenas perde para o Chile em termos de energia mais cara, entre os países que não estão em guerra com a Rússia. Pensando em termos estratégicos Segundo a Agência Internacional de Energia, apenas quatro países do mundo, verdadeiros gigantes tanto em PIB, como em território e população, detêm em seu território a impressionante marca de 40% do potencial hidrelétrico remanescente no planeta. Eles são o Brasil, a Rússia, a China e a Índia, membros do Bloco Econômico BRICS O Canadá e aos EUA, que são membros do Bloco Militar da OTAN, cabe em conjunto apenas 11% desse potencial.Segundo a Agência Internacional de Energia, o Japão e os países da Europa Ocidental já esgotaram a maior parte ou quase todo o aproveitamento dos seus potenciais hidrelétricos remanescentes, restando apenas a Alemanha com 17%, e o Japão, Noruega e Estados Unidos, com cerca de 40%. O pequeno potencial remanescente nos países mais desenvolvidos é uma desvantagem competitiva muito grande para a indústria daqueles países frente ao Brasil, à China e à Índia por exemplo. As custosas campanhas midiáticas contra a exploração de qualquer potencial hidrelétrico pelo nosso país, estreladas por artistas de novelas famosas, chegaram até mesmo a ser contrárias às obras de transposição do Rio São Francisco e à exploração de qualquer potencial hidrelétrico, de qualquer porte, em qualquer região do nosso país. Vale notar a enorme influência da participação direta dos custos da energia elétrica em setores industriais como siderurgia (6%), cimento (12%) cerâmica (15,2%), sem falar no custo total da energia em cada produto embutido em cada sub-produto usado na sua fabricação.Agora o combate das ONGs estrangeiras ao desenvolvimento limpo do Brasil chegou até mesmo dentro do próprio governo, onde a exploração de petróleo na margem equatorial do Caribe, nas costas brasileiras, é combatida por funcionários graduados.Principalmente depois que a Petrobrás anunciou em seu plano de investimentos que irá usar recursos obtidos com a venda de petróleo para o exterior para financiar projetos de geração de energia renovável no Brasil. www.enercons.com.br *Ivo Pugnaloni, engenheiro eletricista, atual Diretor-Presidente da ENERCONS e do MOVIMENTO EM DEFESA DA SOBERANIA NACIONAL, ex-presidente da ABRAPCH, ex-diretor de planejamento da COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA, ex- Presidente da COPEL DISTRIBUIÇÃO, ex- diretor para a região Sul do ILUMINA – INSTITUTO DE PLENEJAMENTO ESTRATÉGICO DO SETOR ELETRICO. [email protected] |