Ou apenas os “invisíveis” ainda podem planejar?
A ENGIE possui instalações de geração solar, – não em Geração Distribuída -, mas centralizada. Então a opinião de seu CEO, Eduardo Sattamini, não pode ser classificada de “contra da energia solar” nem “a favor da cobrança de mais impostos”
Disse ele apenas nesse evento do UBS: “o Brasil precisa rapidamente rever os “subsídios inadequados” dados a setores que não necessitam mais, como o de geração distribuída”
Nós, na ENERCONS, também trabalhamos com geração distribuída, fazendo estudos de viabilidade, projetos de engenharia e licenciamento ambiental para geração hidrelétrica distribuída, que opera 24 horas por dia e não apenas 6 ou 7 horas.
Mesmo talvez, contra nosso interesse imediato, somos de opinião que a matéria não deixa de ter suas razões ao publicar a opinião do Sattamini.
Principalmente, quando um CEO, que ganha bem acima da média de renda per capita dos contribuintes pessoa física, parece defender os direitos de 120 milhões de consumidores sustentam, com seus impostos, a CDE , que por sua vez paga os subsídios que outros ganham.
Ou seja, pagam os subsídios aqueles que, por possuírem menor renda, ainda não podem adquirir um sistema solar. E nem tampouco reclamar por nem entenderem nada do que está sendo discutido. Vamos lembrar que esses 120 milhões pagam impostos sobre tudo o que comprem ou recebam. Do macarrão ao salário.
Chama a atenção mais ainda, quando o crescimento da fonte fotovoltaica explodiu sem qualquer planejamento federal, criando 1,4 milhões de empregos segundo a ABSOLAR. Provavelmente por que a classe média e alta tem verdadeira ojeriza das distribuidoras e das altas tarifas que elas impuseram ao mercado, que subiram 174% acima da inflação entre 1995 e 2022.
Por que não ler com cuidado o que diz Eduardo Sattamini nesse artigo?
Afinal não é todos os dias que vemos alguém ter coragem de afirmar qualquer coisa contra o caudal fortíssimo do que fluxo que vem morro abaixo.
E se quiserem saber a minha opinião, aqui vai ela: por qual razão a Empresa de Pesquisa Energética, EPE, não planeja mais a expansão da geração?
Por que, uma empresa com a atribuição legal da EPE, pode não ver os problemas chegarem, como o acúmulo de uma fonte intermitente como a solar atingindo a 53 GW instalados que não possuem sistema para escoar?
Tudo isso é para deixar à vontade a chamada “mão invisível do mercado” que Adam Smith “deusificava” como solução para todos os problemas mas há 330 anos?
Será que a mão invisível mas sempre muito ligeira, deve ser deixada sozinha, cumprindo a importante tarefa de “planejar o caos” , sem qualquer controle, provocando esse tipo de perdas do “curtailment”, jogando-a nas costas dos investidores, atribuindo-as ao “risco do negócio”?
O método de planejamento do setor elétrico brasileiro foi sempre elogiado mundialmente. Americanos, ingleses, alemães, mexicanos vinham aprender conosco.
O que aconteceu?
Será proibido planejar agora?
Ou apenas os “invisíveis” podem planejar?
*Ivo Augusto de Abreu Pugnaloni é engenheiro eletricista pela UFPR. Foi diretor de planejamento da COPEL e diretor presidente da COPEL DISTRIBUIÇÃO, diretor do Instituto Estratégico do Setor Elétrico (ILUMINA), fundador e primeiro presidente da ABRAPCH, associação brasileira de pequenas hidrelétricas, secretário adjunto de transportes de Curitiba, membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia do Paraná. professor do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná e membro do Grupo de Diretrizes do Setor Elétrico do primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje Ivo é o presidente da ENERCONS Projetos e Consultoria em Energias Renováveis e da ENERBIOS Consultoria em Energias Renováveis e Meio Ambiente
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