Mais de 300 representantes de 25 países debateram, entre os dias 20 e 22 de março, o futuro das energias limpas e renováveis no planeta. A reunião de altos oficiais da Clean Energy Ministerial (CEM) e da Mission Innovation (MI) foi realizada no Rio de Janeiro (RJ). O evento é preparatório para Reunião Ministerial da CEM e da MI, que acontece em julho, em Goa, na Índia. Em 2024, a reunião será sediada pelo Brasil, como reconhecimento do protagonismo do País no tema.
Foto: Rafa Kondlatsch/Itaipu.O encontro preparatório foi organizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), em parceria com o Ministério de Relações Exteriores (MRE), e com o apoio do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O patrocínio é da Itaipu Binacional. A CEM e a MI são dois importantes fóruns sobre a colaboração internacional voltada para a transição energética, em busca de uma maior participação das fontes renováveis na matriz mundial.Durante o encontro, as altas lideranças de diversos países e organizações parceiras, e representantes do setor privado, se reuniram para discutir prioridades, além de identificar pontos e lacunas de investimentos na área das energias limpas. “O resultado deste encontro é levado para os ministros de cada país, para orientar suas ações e promover um alinhamento na colaboração internacional”, informou o secretário de Planejamento e Transição Energética do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Barral.Barral destacou a liderança do Brasil no desenvolvimento de energias renováveis, devido a fontes limpas como hidreletricidade, solar, eólica e biocombustíveis. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), quase metade da matriz energética do País, ou 48,4%, é composta por fontes limpas, enquanto a média mundial é de 15%. “O Brasil tem a possibilidade de se posicionar na vanguarda do processo de neutralização do carbono na atmosfera e apontar soluções para outros países”, afirmou.“Para o ONS, é uma honra apoiar dois Fóruns que são fundamentais não apenas para o setor de energia, mas para o planeta. A estarmos no CEM e MI nos mantemos entre os protagonistas globais no debate sobre transição energética. Ao longo do evento, pudemos evidenciar o quanto o Brasil pode liderar o debate global sobre a transição energética e ao promover um evento da Clean Energy Ministerial (CEM) e da Mission Innovation (MI) no Brasil contribuímos com a consolidação da liderança brasileira”, diz Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS.“Apoiamos o evento reforçando nosso compromisso com esses dois fóruns internacionais de grande relevância para o avanço das discussões de transição energética. O Brasil segue como uma referência mundial com a sua matriz energética e sobretudo a matriz elétrica altamente renováveis, todavia os estudos e iniciativas já em andamento devem considerar as prioridades e as possibilidades de cada país para que possam apontar para um futuro energético renovável, de baixo carbono, cada vez mais justo e inclusivo”, reforçou a presidente interina da EPE, Angela Livino.O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério de Relações Exteriores (MRE), embaixador André Corrêa do Lago, lembrou que a construção de uma matriz energética limpa no País aconteceu sob a necessidade de responder questões sociais específicas, próprias da realidade dos países em desenvolvimento. “Somos prova viva de que um país em desenvolvimento pode ter uma matriz energética exemplar, com uma lógica voltada para populações que tem maiores necessidades de acesso à energia”, comentou.A posição de destaque do Brasil no cenário internacional na área das energias renováveis também foi reconhecida por participantes do encontro. James Spaeth, da área de Eficiência Energética e Energia Renovável do Departamento de Energia dos Estados Unidos, lembra a grande experiência do Brasil no uso dos biocombustíveis na área transportes. “Temos uma longa relação com o Brasil na área de biocombustíveis e acreditamos que temos novas oportunidades em relação, por exemplo, a combustíveis para aviação e em produtos ecológicos baseados na biomassa”, afirmou.O presidente do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês), Ben Backwell, organização que tem base em Bruxelas, Bélgica, também destacou a liderança do Brasil devido à sua matriz elétrica limpa. “Principalmente por causa das hidrelétricas, mas também com a energia eólica que é a segunda maior fonte. E há uma complementariedade sazonal muito boa entre a energia hidrelétrica e eólica, isso realmente coloca o Brasil, na área das energias verdes, como uma potência”, disse.Reunião Ministerial no Brasil, em 2024Tradicionalmente, os encontros preparatórios acontecem no País onde será realizado o evento do ano seguinte. Assim, além de se preparar para a Reunião na Índia, que ocorrerá em julho deste ano, os altos oficiais já puderam conhecem o país sede do encontro em 2024. A Reunião Ministerial da CEM e do MI será na usina hidrelétrica de Itaipu, localizada em Foz do Iguaçu (PR).“Fazer o encontro na usina de Itaipu é exemplar, porque Itaipu é símbolo de colaboração internacional, símbolo de geração de energia elétrica limpa e símbolo do desenvolvimento regional integrado ao processo de geração de energia”, disse Thiago Barral. “Vamos ter a oportunidade de conhecer in loco a experiência da Itaipu que pode servir de modelo para os outros países, seja na hidreletricidade, seja no investimento em outras fontes.”O embaixador André Corrêa do Lago destacou Itaipu como modelo de colaboração internacional. “Nós, diplomatas, temos um carinho muito especial por Itaipu, porque ela é resultado de uma grande negociação diplomática. O acordo entre Brasil e Paraguai serve como modelo para outras nações. Eram duas economias muito díspares em matéria de tamanho e em matéria de circunstância, e o acordo levou isso em consideração”, afirmou.CEM e MIA Clean Energy Ministerial (CEM) é um fórum global de alto nível voltado para a promoção de políticas e programas que estimulem a adoção de tecnologias de energia limpa, o compartilhamento de lições aprendidas e melhores práticas e o incentivo à transição para uma economia global de baixo carbono. As iniciativas no âmbito desse fórum são baseadas em áreas de interesse comum entre os governos participantes e outras partes interessadas. Atualmente a CEM conta com mais de 25 países membros, entre os quais o Brasil.Já a Mission Innovation (MI) contempla esforços globais de aceleração do desenvolvimento e adoção de inovações tecnológicas e regulatórias em energia de baixo carbono, por meio de políticas de pesquisa, desenvolvimento e demonstração. As missões no âmbito da MI reúnem países e parceiros públicos e privados em torno de esforços ambiciosos de descarbonização do setor energético. Atualmente, a MI possui 22 países membros, incluindo o Brasil. |